O cenário mudou rapidamente em poucos dias. Passou-se de uma situação em que se observava como os casos na China pareciam ser contidos e como no resto do mundo as infecções eram muito escassas a outra com surtos descontrolados na Itália, na Coreia do Norte e no Irã. Ghebreyesus ressaltou que os surtos podem ser contidos e que o cenário continua sendo de epidemia, tanto pelo número de casos como de mortes fora da China. Ao mesmo tempo, no entanto, pediu que os países e comunidades se preparem para a propagação do coronavírus. “Não é uma questão de branco ou preto, de sim ou não. Cada país tem que elaborar seu próprio plano de contenção de riscos. As prioridades são a proteção dos profissionais de saúde, a mobilização das comunidades para ter um cuidado especial com os idosos e com as patologias [elas as quais houve mais de 80% das mortes até agora] e a proteção dos países mais vulneráveis, contendo a epidemia nos que podem fazê-lo.”
A nova situação ainda é uma incógnita, e cada minuto conta. O simples fato de conseguir atrasar a chegada aos países do norte por algumas semanas pode significar um grande alívio, disse Ryan, já que a gripe estacional estará diminuindo e os sistemas de saúde estarão mais liberados dessa carga para poder atender os possíveis doentes do Covid-19. “Não podemos saber o que vai acontecer, se [a epidemia] será contida ou se transformará numa doença estacional”, afirmou.
Na coletiva quase diária que as máximas autoridades da OMS concedem à imprensa para informar sobre os últimos detalhes do vírus, foram apresentados também os resultados da visita de especialistas a Wuhan, o epicentro do surto, para analisar o panorama. A boa notícia é que ali a situação não saiu do controle e que as cifras continuam estáveis. A sequência genética do coronavírus também segue estável e o tempo de recuperação oscila entre duas semanas (nos pacientes mais leves) e três a seis semanas (nos mais graves). A proporção de mortes, atualmente, está entre 2% e 4% em Wuhan e em cerca de 0,7% fora de lá.
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