O diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, disse que é preciso mais clareza sobre as causas. “Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado”, ressaltou. Até o momento, foram identificados 141 casos da anomalia no estado, em 42 cidades, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. O volume é 15 vezes maior que a média registrada entre 2010 e 2014, de nove casos por ano.
Diante do problema, considerado grave, o Ministério da Saúde decretou, na última quarta-feira, estado de emergência sanitária nacional. Já a SES, lançou um protocolo de atendimento para esses casos. Ontem, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, se pronunciou publicamente pela primeira vez sobre o assunto, durante a assinatura da ordem de serviço para obras de acessibilidade em equipamentos turísticos. Ele defendeu a integração entre os estados que registraram casos para agilizar as descobertas.
“É algo que precisa ser bem investigado, para evitar que aconteça novamente. Pernambuco vai cuidar disso de forma efetiva. Por enquanto, não há uma causa determinada, mas a influência deve ter ocorrido no início do ano, ou seja, vai exigir de nós uma retrospectiva. É uma variável nova que precisa ser identificada”, afirmou. A enfermeira Maristela Vila Nova Dias, 30 anos, pretendia engravidar no início de 2016. Mas ela e o marido, o engenheiro Rafael Araújo, 29, mudaram os planos. “Por conta desse surto, a gente fica com medo. Querendo ou não, o que mais os pais almejam é um filho com saúde. Optamos por esperar até que se esclareçam as causas.”
De acordo com informações publicadas pela Agência Estado, a superintendência da Maternidade Nossa Senhora de Lurdes, de Aracaju, Sergipe, informou que 49 casos foram identificados no estado em setembro e outubro. O problema também foi identificado em outras três cidades: Itabaiana, Estância e Lagarto. No Rio Grande do Norte, foram 22 casos. A maioria também registrada a partir de agosto. Lá, o indicador de crianças nascidas com microcefalia é 11 vezes maior do que o registrado em 2012. Os nascimentos ocorreram em Natal, Mossoró, Macaíba e Currais Novos.
“Nesse momento, não temos como afirmar se o aumento tem como causa algum vírus transmitido por vetores ou algum outro fator”, destacou Cláudio Maierovitch. Para gestantes, Maierovitch recomendou a adoção de cuidados básicos: não usar medicamentos sem conhecimento do médico e evitar a exposição a mosquitos. “Em casa, ficar de portas fechadas, colocar telas nas janelas e usar repelentes.”
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